Da minha Janela
Da minha janela vejo o mundo passar.
Da minha janela sinto o vento dobrar o caminho num sibilar frio.
Da minha janela vejo que as vidas perto de mim não são meras sombras.
Da minha janela, encontro comigo mesma
Memórias de tempos que já a muito se foram;
Tempo perdido em curvas e anseios;
e no calor que cobre a pele nua dos braços postos no peitoril.
Nem sempre por mim, assim descrevo:
O tom do vento no meu passado viram caos de turbilhão vazio
num açoitar louco de emoções das mais temidas traições.
Vi assim, com olhos de coração que sangram por parte de mim.
Vi de longe, da minha janela, o porvir do esquecimento.
E se não hoje foi assim, por sempre tido.
Sei que em mim as respostas antecedem as questões
e eu vi, da minha janela toda uma vida passar.
As coisas boas, eu diria, que não se foram;
estão aqui dentro do espelho d’minha alma
aguardando o toque certo, o sino certo e a memória certa.
Da minha janela eu vejo o mundo passar,
Junto ao sibilar do tempo dentro de mim.
Malibe
Itabuna, setembro de 2.005.