Que Pena

Que pena não poder correr,

Desalmado pela areia da praia,

Que pena não poder nadar,

Abençoado pelo sal do mar.

Que pena não poder amar,

O amor duma vida a brincar,

Que pena a luz se apagar,

Aos poucos irreversivelmente.

Que pena o destino vingar,

Não dar tréguas a ninguém,

Que pena este pesadelo arcar,

Sem direito a segunda via.

Os lamentos da minha alma,

Exasperam lancinantes a soluçar,

Os sonhos desmoronaram-se,

Desvanecendo-se com a noite.

Noite longa de desespero,

Onde vagueio acordado,

Ciente de tudo deambulo,

Pelo fio da navalha da vida.

O rei vai nu,

A rua apinhada,

O orgulho morreu,

A forca sorriu,

À minha passagem.

Lx, 7-1-2008

Paulo Gil
Enviado por Paulo Gil em 22/06/2014
Código do texto: T4854992
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