Descrença
Na cabeça quente da gente
Faz morada a intemperança
Das imposições previamente
Determinando a tudo e a descrença
De um ser pensante que sozinho
Canta o seu atroz tormento
Contido na tristeza predisposta
No sentido da palavra evocação:
- Que desta vez não seja uma corte!
Palavras inúteis perturbando a paz
Da vida, conturbam a determinação,
E a sorte da virtude consumida
Em profundo desatino é forçada
A se fazer cantar que nada
Mais é consorte, nem interessa...
Por que pensar, se tudo é falsidade
Passando de geração em geração?
- Tudo escuro como se fosse a morte!
Dessa tenaz e ambígua desavença,
De mim para comigo mesmo,
Caminho a esmo numa densa escuridão,
Demarcando nos cantos do destino
A ilusão que sinto ser espinho
Duma contumaz alucinação já perdida
Nessa tão incessante procura...
Equivocada, mas evocada pelo coração.
- Ressurreição de outra sorte!
Valdir Merege Rodrigues
Pinhalão - Paraná