Saudade
Pode escutar, minha amada dos sonhos benditos, pode escutar o sussurrar monótono dos meus ais sofridos? Escuta-me, feche os olhos, escute o vento a lamuriar meus gritos de saudade. Não escutas, donzela, meus prantos que a aragem consigo leva, e o uivo do vento em sua janela é uma lágrima que dos meus olhos cai? O pássaro que lamentando canta em suas manhãs, anunciando a aurora magistral, sou eu, aqui, a versejar à punhaladas de uma dor profunda nos cantos tristes desse pequeno sabiá.
Veja as estrelas abrindo suas pálpebras no firmamento, elas me representam no negrume deste tormento, poetizando sobre a saudade que me avassala. Louco, sedento de amor, sozinho nas eternas noites de insônia, meus tristes lábios procuram os seus no poento deserto das lembranças. E nos sonhos, donzela, febril e errante vagarei a lhe procurar para embalar-me nos teus braços e na ilusão de minha saudade no teu seio descansar. E se mesmo a morte antes de ti vier-me a vida buscar, reclinas então em meu sepulcro, deixes uma lágrima cálida derramar, que no sono da morte contigo estarei a sonhar...
Nishi Joichiro