Passou um filme....
É uma linda e límpida manhã...
Sinto no rosto a carícia do vento
Lembro que o paraíso é o nosso firmamento.
Quero esquecer que, infelizmente, nada mais é como antes...
Sinto o sol arder em minha pele...
Lembro que bastava um toque, um olhar, e logo um arrepio.
Quero esquecer que está morno, frio, tudo tão vazio!
Sinto o doce perfume das flores...
Lembro o cheiro de uma sedutora loção pós banho
Quero esquecer o porquê desse sentimento estranho!
Sinto o suave e inebriante aroma do campo.
Lembro dos deliciosos manjares, daquele hálito agradável ...
Quero esquecer que o desencanto é perceptível e inevitável.
Entardeceu...
Escuto o som das águas batendo nas pedras.
Lembro do gozo, dos banhos, dos mimos, das brincadeiras...
Quero esquecer que houve vida, escorrendo na vazante, rio abaixo.
Escuto aos longe a música dos Beatles
Lembro das tantas juras e promessas de amor eterno.
Quero esquecer que foram deixadas em um lugar ermo.
Escuto... É como se alguém varresse as folhas caídas!
Lembro daquele dia em que fui acalentada com ternura.
Quero esquecer que, apesar da negativa, senti-me traída.
Escuto... Apenas eu escuto, ninguém mais. Escuto vozes...
Lembro de tempos idos: soluços, preces, sorrisos, festas...
Quero esquecer das mentiras e das armadilhas atrozes.
Anoiteceu...
Vejo o reflexo prateado da lua trêmula no lago
Lembro do quanto quero e preciso de um afago.
Quero esquecer que há alguém. Perto, longe ou ao largo?
Vejo os sorrisos nos lábios, nos olhos, nas fotos...
Lembro de todas as comemorações, todos os festejos.
Quero esquecer que no final de tudo eu era banhada de beijos.
Vejo, por entre as frestas da janela, casais namorando...
Lembro que o tempo passa e leva junto a mocidade.
Quero esquecer que quer adormecer em mim aquela intensidade.
Adormeço...
É madrugada.
As sensações continuam intensas em meu sonho.
E assim; o que me mata, é essa vontade de não querer mais acordar.
Madalena de Jesus