O Vazio perdurou em Silêncio
Sonhos enevoados,
Com música delicada,
Sentidos extenuados,
Com luz apagada.
Ecos uivam loucos,
Ressuscitam o Passado,
A Razão duns poucos,
Num triste Fado.
Dolorosa existência,
Pasma aberração,
Traída aparência,
Insolúvel tentação.
Alma dorida,
Coração em pranto,
Estou de partida,
Aqui num canto.
Silêncio companheiro,
Conforto indagável,
Destino matreiro,
Morte imutável.
Projecções futuras,
Contemplam o Além,
O outrora esconjuras,
O esquecimento também.
Perdido em profundo,
Mente angustiada,
Navego pelo fundo,
Fuga abençoada.
Tormentos em redor,
Obscuridade translúcida,
Alertas em temor,
Saudade enternecida.
Arte idolatrada,
O Belo intocável,
Toca-se a entrada,
Jamais influenciável.
Fundou a essência,
Universo coerente,
Espasmo à tangencia,
Unidos em torrente.
Espaço incomensurável,
Lamentosa consciência,
Eternidade implacável,
Amargosa existência.
Chamamento apelativo,
Ordem eloquente,
O caos imperativo,
O vazio inconsequente.
Forças indulgentes,
Esbatem ao lado,
Perceptíveis antes,
Hoje inundado.
Força invisível,
Acção passiva,
Ser sensível,
Dor lasciva.
As lágrimas secaram,
A névoa levantou,
Os anjos morreram,
A Vida findou
O nada, vingou.
LX, 17-9-2002