A viúva
Sob seu olhar,
vagueava na imensidão,
sonhos perdidos, esquecidos...
Inebriados de amor e solidão.
Dos retratos na parede,
marcas de amor eternizados,
já não existem...
Apenas lembranças acabadas
de pobres viúvas esquecidas
outrora abandonadas...
Do seu abstrato quarto
figuras incompreendidas.
De almas perdidas...
Dentre elas surgia
a face tremida...
De uma senhora viúva,
no seu leito esquecida.
O seu coração estava
dilacerado...
Pelo abandono marcado.
Cansado das lutas,
ficava a esperar,
por alguma estranha visita
que demorava a chegar.
Não sabemos, mas...
Estava sempre a chorar.
Dos anos vivido,
momentos bons esquecidos.
E dos seus olhos a
dor ressaltava...
Via-se a chama da vida
se apagando...
Na cama ali ficando,
sozinha, sempre estava.
Meus olhos ao vê-la...
Tristemente contemplava.
Se eu pudesse, essas
paredes rabiscava...
Desta tristeza, a tirava.
Esta poesia, apagava.
E apenas escreveria.
"Amparai as viúvas
com compaixão, alegrando-as
com a sua companhia."