Entre corvos e águias
Cospem por onde passo
limpam onde toco
desviam o olhar
só pra não terem de me olhar nos olhos
perco o foco
ódio ou tristeza
rejeição
furor
agonia
medo.
projetam sobre mim
toda a culpa
que talvez me seja de fato devida
jogam sobre minhas costas
um fardo que
eu talvez não consiga carregar
há tanto pra ser dito
e eu só consigo me calar
não consigo ir atrás do que é meu
e
como Prometeu
todos os dias
curam-me ao anoitecer
só pra quando nascer o dia
me dilacerarem novamente.