Era uma Vez na América
olhos de concreto chorando lagrimas frias de poluição
onde fantasmas tem o direito de comer poeira no café da manha
a boca da madrugada não poupa
cada amostra de DNA com defeito
os ricos podem comprar o santo
mas nem mesmo um prato de feijão mata a fome
do coração da selva de pedra
tijolos sujos de sangue
na sopa do pedinte
cachorros
latindo nos ouvidos sujos de uma porta lotada de cupins
a casa e velha
e muito bem passada
na carta de alforria
de uma bandeira doente
luto
apenas luto
o caixão e de boa qualidade
foi comprado
com a urina do homem de terno de linho fino
tão fino
que a corda foi partida em milhares de bairros pobres
vida de morto vivo
e uma festa iluminada com uma luz fraca
saudades de um barquinho de papel
saudades de uma bala de leite
saudades de uma chuva de verão
mas o homem feito de gelo não tem tempo de chorar por um rato morto
a realidade comprou o pão da santa ceia
com muitas babas de Judas
jogadas no beco escuro
da nova alma da lei.