QUANTAS?

Quantas verdades eu perdi?

Sabe aos 12 anos?

Acreditando em monstros nas matas...

Em maldições de sexta feira santa...

Quantas ilusões eu já vivi?

Eu vi amor em alguns sorrisos

Eu vi afeto em outros olhares

E o que eu vi... não tive!

Quantas traições eu já sofri?

Amendoados olhos com segredos...

Noites rubras no teu vinho

Sereno e lua!

Fugaz foi o vento

Foi o sonho...

Fugaz não foi à dor

Nunca é a dor!

Nunca é

Quantas escolhas eu já tive?

As que perdi são só memórias

As que acertei por vezes nem lembro

E das erradas... Das erradas não esqueço

Quantos segredos eu guardei?

Andei na chuva tão calado

Pensando na alcova que abandonara

Tal e qual cetim com sangue me sentia manchado

Sujo... obsceno !

Mas jamais contei...

Quantos segredos eu partilhei?

Com que coragem a ouvidos estranhos...

Na penumbra fria de minha solidão

Na minha porta assoviando o vento do desespero

Sem amigos naquelas noites...

Sem amigos...

Sem amor...

Sem ninguém...

Quantas pessoas eu destrui?

De alguma forma ainda que um pouco que seja?

A duros golpes ou sutis ardis...

Corações partidos em minha estrada

Sorriso vazio nos lábios a avançar

Só os olhos traindo meu medo

A noite cai e é noite fria

La fora o vento do sul me diz que não importa

O mundo seguiu e não vai voltar

A idade que eu tenho não permite recomeços...

Talvez nem haja mais nada pra recomeçar

La no céu eu sei a lua me ignora

Da janela eu vejo as formas da noite

Suspiro...

Sem cigarros, sem vinho, só café.

De ouvidos cheios do meu próprio lamento

E a pergunta que não para...

Quantas verdades terei perdido?

Quantas?