IN MEMORIAM

Retida no tempo esmaecida lembrança

Cantiga de ninar já a muito esquecida

Berço quebrado, maculada esperança

Um dia sonhada, num lamento perdida!

Ah! Alegria das tardes em paz...enlevadas

Ouvindo trinado das aves... doce melodia!

Dias de luz e noites estreladas, sagradas,

Gravadas na alma a mais pura harmonia!

Olhos vítreos miram uma beleza morta

Já encantou centenas, antes imaculada

Agora traz asco ao fitar-se pela porta

O que restou da vida por nós profanada.

Escórias humanas, anjos decadentes

Vagam pelas ruas ocultas nas sombras

Buscando vitimas, tolas inconseqüentes,

Algozes cruéis, revirando os escombros.

Cidade agonizante, natureza moribunda

Leva de almas que hoje se arrepende

Do tempo perdido, da fraqueza oriunda

Que matou a vida da vida da gente.