UMA TRISTEZA DE SE ADMIRAR!

Malas prontas embrulhando o coração.

Seus passos a se distanciarem.

Nenhuma esperança a ser elevada.

Portas fechadas, meu mundo estático.

Céu encoberto, espelhos quebrados.

Nuvens negras escurecem meu coração.

Um adeus rotulado de até nunca mais.

Dois corações absortos e inexpressivos.

Seus dedos datilografando o ar.

Novamente esta dor no peito.

Sintomas claros e afirmativos

De que nossa vida não tem jeito.

A espessa neblina distancia e sela o rompimento.

Não mais vejo minha razão de vida e dor.

São trevas, obstruindo a visão do desamor.

Sei que qualquer iniciativa em reatarmos

Será prontamente podada pelo orgulho.

Sinto-me desprovido da reação natural.

Ouço o rosnar sonolento do mar.

Engulo uma singela lágrima sem tempero.

Findo por mastigar o fel da incompreensão.

Vejo tua foto com lampejos amorosos.

Sinto dependência por seus escritos.

Dou-me ao anonimato destrutivo.

Hoje desacredito no amor eterno.

Faço descaso da fidelidade cultuada.

Caçôo de minha imatura credulidade.

Não poderia esperar destino pior.

Um ressoar de palmas por minha indulgência,

Ou o vingativo apocalipse que ora me julga?

A chuva lambe a inerte areia,

Afogando toda minha resignação.

Talvez ainda haja amor em meu coração.

O pulso esmaece ameaçando cessar.

Meu profundo desmantelo,

Gera uma tristeza de se admirar.

=RESPEITE OS DIREITOS AUTORAIS=

"Escrevo o que sinto, mas não vivo o que escrevo"

Paulo Izael
Enviado por Paulo Izael em 05/09/2005
Reeditado em 23/10/2005
Código do texto: T47909