A Morte de um Poema
Às vezes, um poema
Morre antes de nascer
Entalado na garganta,
Sufocado em um abraço,
Preso a um coração,
Enlaçado a um sentido...
Quando morre um poema
Assim, antes de nascer,
Sua vaga alma
Vaga,
Pelas noites sem estrelas
Pelos becos sem saídas
De uma mente vagabunda...
Às vezes, um poema
Nos assombra sem piedade,
Até parece saudade,
Mas como sentir saudades
De algo que nunca foi,
Que jamais chegou a ser?
E nos pomos a tentar
Provocar-lhe um renascer,
E o poema, outra vez,
Morre no ventre do autor
Num aborto de palavras
Em grande espasmo de dor.