DESCENDO AO CONHECIDO INFERNO

Tão doce o tempo

de te ver sorrindo!

Lembranças vagas

na rua escura

dos teus olhos negros.

Tão triste a hora

de estares longe

e eu só na vida sem carinho!

Eis essa velha escadaria

com seu cheiro acre,

por onde meus pés

fazem caminho resignado.

Tão longe estás

de ti não tenho nada,

tão longe estás de mim agora.

E a escada é íngreme,

descer sem pressa,

o passo incerto

e lento e trôpego,

faróis distantes

são teus negros olhos

que a neblina esconde

e o rosto gela.

Braços tão longos,

mãos tão pálidas,

descer sem pressa

os degraus da mesma escada,

que sempre volto a econtrar

nas sombras,

quando quimeras se desfolham plácidas.

Descer ao mundo triste das pedras frias

é o velho caminho que tão bem conheço

se de mim amor também fugiste

aqui terei meu velho e frio abrigo,

serei de novo eu mesma por inteiro

no limo antigo de tristezas velhas,

aqui terei certezas já vividas

e dormirei meu sono milenar,

abrigarei o corpo tão cansado

e o coração será meu travesseiro...

tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 04/05/2007
Reeditado em 05/09/2009
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