Confiança
Nasci sem saber
Que passos seguir
Refugiei-me em cavernas
Bebi do meu próprio sangue
Rasguei minhas entranhas
Mas ainda não me conheço
Duvido da minha sanidade
Duvido das minhas escolhas
Vejo sombras na parede
Elas se dissolvem no meu vazio
Esperei que alguém me enchesse
Mesmo que me enchesse de nada
Mas que me ENCHESSE
Nunca confiei em mim
Entreguei-me toda à responsabilidade alheia
Foi o meu pior erro
E nunca me perdoarei
Por amar demais o outro
Sem ter aprendido a me amar
Como se o outro pudesse sentir o que sinto
Como se o outro possuísse a minha alma
Como se o outro fosse o que me faltasse
O que falta em mim sou eu mesma
Falta assumir quem sou
E ser-me plenamente sem limites
Sem amarras, livre, alada
AMADA, sim AMADA
Amada com toda a força do meu próprio espírito
Jamais submetida, jamais subjugada
LIVRE, LIVRE, LIVRE
Só preciso da minha própria sombra
Da minha obscuridade doentia
Das minhas particularidades descompensadas
Preciso aprender a viver por mim mesma
PARA MIM MESMA
Esse é um mundo cão
Não confie em ninguém
Confie em si
E se precisar castigar alguém
Castigue a si mesmo
Sinta a dor, contemple a dor
Porque ela é SUA
E não pode ser compartilhada
Não a compartilhe
Eles jamais entenderão a extensão da sua dor
LIVRE, LIVRE, LIVRE.