Negrume-arrebol
Belo arrebol,
que no meu quintal
desmaia co' sol.
Minha mãe, a roupa,
pendurando. Eu sigo,
(apesar de ter voz rouca),
cantando.
Na casa do vizinho
há um sinal de festa:
vejo garrafas de vinho,
junto ao grupo de senhoras,
que jogando baralho,
não viram passar as horas.
Meu irmão distraído,
cutuca um pobre grilo,
que além de ferido,
não salta.
A voz do vizinho retumba
tão alta:
- Augusto! Camila!
Renata! Vanessa!
Entrando na fila...
O sol é já morto,
e a lua desperta
no céu que está torto!
Eu sigo o exemplo
e me deito.
O teto eu contemplo.
Fechando meu livro,
Apago o meu sol,
O sol do meu "crivo"
Negrume-arrebol.