Aperto Sem Fim

E hoje esses olhos que enchem o mar

Em tempos passados já avistaram o luar

Na esperança de transpor o vasto entristecer

Num lugar sem condições de se envaidecer.

Hoje enxergo que os passos podem ser contrários

E que direção certa não há

Hoje percebo que a vida não tem fluxo

Senão a própria vida dela extraída.

A vida de gente tão morta

Me contagia e influencia minha energia.

Infelizmente o contágio tão imperceptível

Fere e destrói o que sinto de positivo em meus dias.

Às vezes a dor se aproxima

E com ela a agonia que vem da alma.

Olho ao redor e tento espairecer,

E então pressinto que há coisas importantes

Superiores

E pequenos sinais me distraem e me alegram

Mesmo que instantaneamente ligeiro

Um piar, o canto,

O riso, um abraço.

Estou tão solto no mundo

Que até mesmo esqueço onde estou amarrado.

E o nó que hoje me foge do braço,

Agora prende meu peito num aperto sem fim.

Flavio Marcondes
Enviado por Flavio Marcondes em 26/03/2014
Reeditado em 25/09/2019
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