Estranhos.

Estranhos.

E então...

Deixamos secar o coração.

Faltou irrigar nossos momentos

Com a leveza da emoção:

Um abraço apertado,

Um beijo desinteressado,

Um elogio inesperado,

Um simples afago,

Uma flor...

Gestos indispensáveis ao plantio do amor.

Tristemente o coração definha

Invadido pelas ervas daninhas

Da rotina, da mesmice e da solidão.

E então...

Encontramo-nos inertes,

Sentados frente a frente,

Como dois estranhos...

Dois idiomas diferentes.

E o silêncio é tão intenso, tão pesado,

Que sem pedir licença,

Vem sentar-se indiferente ao nosso lado.

E seguimos assim, em torturante rotina,

Como se fora destino, carma ou sina.

Sem coragem sequer para mudar:

“Jogar tudo pro alto”...

E recomeçar.

Nilda Dias Tavares.