Fim do Coração
Já sem forças, parado à beira da estrada. Assim se encontra um coração velho.
Débil, doente, dilacerado.
Suas veias estão saltadas, seus olhos marejados expressam terríveis e profundas olheiras.
A pele ressequida, enrugada, enrustida.
Pobre coração. Acabou-se a vida, não é?
Bater já não faz sentido. Trabalhar para quê?
Para a manutenção de quê? Dessa loucura que é o viver?
Ele olha para trás. Olha os próprios pés.
Marcados, feridos, cansados de tantos tropeços, tantas pedras que teve de enfrentar.
Olha para as próprias mãos. Calejadas, fracas, trêmulas.
Não há ninguém que o socorra. Ninguém.
Apenas a solidão de uma estrada vazia, fria, poeirenta.
Molemente, o corpo definha. Tenta aprumar-se, mas, não há forças.
Quando o corpo tomba, seu olhar é direcionado ao céu.
Pode ver pequeninos pontos brilhantes. Refletem-se em seu olhar sem brilho.
Num último suspiro, entrega a vida.
Acabou-se.