O Violeiro
Trêmulas, delirantes agitam-se as cordas do violão, vibram sonâncias de melodia lúgubres, melancólicas, mundos se formam nos acordes tristes e caem das ignotas estalactites lágrimas sonoras no covil sombrio do solitário coração do violeiro. De olhos fechados em pálpebras demente, vagam lembranças vívidas no limbo da mente, e o violeiro triste chora na consciência a dor de ser em essência um ser desolado a vagar errante eternamente. O vento uiva triste no mosteiro, e o violão chora harmoniosamente junto à noite silenciosa, fibras de vida arrebentam-se em seu peito, lágrimas cristalinas escorrem pelas sua face chorosa, a lua plangendo sua luz divina, observa tudo, triste, solitária e soluçante.
Quando os sons do violão vão soluçando, as cordas gemem em terríveis prantos, dilacerando o pobre violeiro sentado à margem de sonhos fúnebres de saudosos tempos que em seu peito vibrava a lira de um coração vivente...
Soluços ao luar, lágrimas cálidas que voam ao vento, os dedos movendo-se freneticamente nas cordas que lamuriam como felinos noturnos, torturando as almas que nas sombras tremem. Vai-se constelando na soturna noite infinda a canção fúnebre do violeiro febril, que vaga errante desde tempos remotos, por terras remotas, fantasmagoricamente assustando os povos com sua melodia sepulcral...