Tempo Perdido?
O relógio... A observação...
Nada mais que o tempo passando rapidamente...
Tudo conta-se...
Esconde-se e camufla...
O suor em horas mortas...
E a calma salgando o rosto...
Afundam os olhos embevecidos no cansaço...
Desmontam os sorrisos amarelados no fim do dia...
Decompõem... Reestruturam...
Corroem os alicerces derradeiros de nossas convicções.
Mas ainda há tempo para se contar?
Para contar-nos?
Para rogarmos aos santos todos por nossos enganos?
E corrigi-los?
Há, ainda, relógios, cujas horas acusam mudanças?
Cujos olhos divagados em ponteiros buscam pequenas utopias?
Efemeridades inflamadas?
Há, ainda, inflamações em cada um de nós?
Tempos perdidos edificam, também, sonhos perdidos...
Mas o que se ganha ao refletir tanto?
Labutar demais semeia cansaço...
E pensar, em demasia, instaura a dor naquilo que somos...
Portanto, talvez seja necessário:
“Tapar os ouvidos e a boca...
Porque metade de mim, agora, tem que ser do silêncio”.