Travessia
As vezes é preciso calar-se
e deixar que as águas corram por seus caminhos naturais...
Porque nem sempre é preciso atravessá-las...
Ou usar nosso corpo como uma falida barreira...
Tao pouco é necessário que subamos pontes
Ou as construamos para mudanças utópicas...
Basta, apenas, saber que cruzar tais obstáculos é trabalho inútil...
Talvez não seja mais necessário...
De repente, esperar que a água seque, seja o mais assertivo a se fazer...
Ficar parado, sempre esperando...
Mas, se ainda for grande a necessidade do novo...
Se ainda for grande a necessidade da travessia...
O caminho deve ser mudado!
A direção deve ser outra!
A dinâmica, talvez, seja afastar-se o máximo possível de tal realidade...
Longe o suficiente para não poder mais voltar,
ainda que se possa ver...
Ainda que possa semear dor e angústia dentro do nosso coração.
Mas estaremos pra sempre à margem de nossos conflitos!
Com águas correndo por nossos rios interiores,
Tentando nos afogar em cada queda que tomamos...
É necessário escolher direções menos confusas...
Caminhos cujas quedas serão menos doloridas que o levante...
É preciso abandonar as travessias conflituosas...
Porque do outro lado da ponte tem, não mais, que decepções...
Angústias maiores que as do ponto em que decidimos abandonar...