Sombras

Por detrás das nuvens escuras desse inferno

Que brincam de assombrar esse lugar

Uma tremida luz peleja contra o inverno

Alojado no interior daquele olhar

Como um casulo quando a vida sai e voa

Seu vazio grita pra imensidão do mar

Tentando se molhar com uma garoa

E morre achando estar à se afogar

Quando a noite chega devorando o fragor

E a vastidão do seu silêncio chega pra ficar

Juro que consigo escutar sua pesarosa dor

Clamando inutilmente salvação chegar

Então se renda e dorme agora anjo santo

Seu árduo martírio já não tem mais intento

Nem lenços secos pra enxugar todo esse pranto

Que afligiu sua nobre alma tanto tempo.