Colheita

Planto rosas,

Colho dores,

Rego espinhos,

Semeio amores.

Lapido em pedras pálidas, meu cansaço

Jorra em fonte seca, minha lástima

Brota em terra morta, minha inglória.

E nas pétalas de uma rosa murcha toma vida... a injúria.

Planto rosas,

Colho dores,

Rego espinhos,

Enterro amores.

Desprendo do peito o açoite do desejo

Em tela viva rabisco a vida

Preto, sangue e cinza.

Prego estacas,

Apago velas,

Derramo cálices,

Desdenho rezas.

Arranco lembranças de memórias mortas

Lastimo as perdas falhas,

Saboreio vitórias amargas,

E sobre o véu da vida perdida em batalhas escarças

Ovaciono as trapaças.

Planto vida,

Colho velas,

Rego risos,

Enterro aquilo que me resta.

Crucifico a vida que me dares

Sangrando na cruz da incerteza

Revivo as horas que me baste.

Plantei sonhos,

Colhi pó,

Reguei a conjunção,

Enterrei-me... só.

Alex Wolney
Enviado por Alex Wolney em 11/03/2014
Código do texto: T4724513
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