Epitáfio
Sempre doloroso é o fim, que nos remete ao breu enfumaçado.
Sempre escuro, tão escuro que não vejo vida, não vejo nada.
Morri contigo e não fui avisado.
Vegeto sempre, mas agora sem você do meu lado.
Quando antes não tinha, ora tinha.
To reaprendendo a vegetar sozinho, como um estranho no ninho.
Como gostar da chuva quando não está chovendo.
Como gostar do frio, vivendo à meio fio, de um calor intenso.
Calor que só teus braços, acalentadores me proporcionavam.
Tamanha era a alegria de te ver sorrir.
Tamanha dor eu senti, por não ter ver partir.
Pouco a pouco me senti indesejado.
Vai ver que é por isso que me sinto tão rejeitado.
Não houve choros nem despedidas, houve partições de partituras.
O fim da nossa trilha sonora, o suicídio coletivo das nossas canções.
O tempo certo, no tempo certo te devolveu, à quem duvida.
E me lançou de forma brusca ao lado escuro da vida.