ÊXTASE
Diante das paisagens noturnas
Adormeço no côncavo silêncio
Que traz consigo seus aspectos
Pardo, sujo, esguio
Quase em todas as vias
deserto.
Resgate-me! Secas folhas de outono
Que se perdem pelos caminhos.
Encontre-me na solitude
De minhas quimeras.
Devolva-me o ar entojado
O brio escasso que outrora possuía.
Defronte de meus olhos
Sangrando estão os teus,
O largo sorriso de escárnio
Revela o revés de minh’alma
Esqueleto sórdido
Da truculenta vida.
O enxerto de pólvora
Coagulando minhas artérias
Rouba-me do desolador cenário
da realidade.
Enquanto que noutras vias
o ultraje à minha mão
assombra minh'alma.
Os ouvidos inflamam!
A flâmula branca
tingida de dor
quer apenas o livramento
de uma lânguida vida.