Olhos em dilúvio
Meu suspiro me perguntou:
- por que chorastes tanto?
Com meu respiro respondi:
Estou esvaziando em pranto
O que habita em mim.
Só para me sentir mais leve, solto
Como se alma banhasse o corpo
Nessas lagrimas que aos pouco
Enche o balde até a borda, ate o topo
E de repente uma gota d’ água
Transborda e causa enchente
Que escorri pelo rosto
Passando a beira da boca
O paladar já sente
A sua essência salgada
Gelada pelo abismo frio dos olhos
Em uma respiração profunda
Do queixo uma gota se desgruda
Se funde com as lagrimas do balde e afunda
E nisso faz com que ele transborde
Ao meu choro sincero e sofrido
Sentido o nó na garganta
E o aperto apertado no peito aberto
Que doeu por dentro
Quando decidi parar de chorar.
O balde nunca mais transbordou
Era sempre para sempre o mesmo amor.
De: Don Juan