Luto silente.
Cale
E no ritual do silêncio
Sepulte nesse corpo toda a dor.
conduza calmamente esse velório que é a vida inteira...
O tempo é cruel nos
condena a senilidade ou a morte...
e quando mais senis ficamos ineptos
diante da morte...
somos monumentos puindo pelos ventos
somos as areias dos desertos que
não possuem lugar certo...
que passeiam no espaço
sem fincar-se jamais.
Cale agora e amanhã
quando o sol nascer novamente
que ele traga em seus raios
o resto de vida que ainda me resta...
que cada raio...
parta em mim esses afetos perdidos
e os lance para o universo.
Debaixo dessa dor devastadora
há o mistério do aprendizado...
há a sobrevivência
transmutando almas e
aleijando corpos...
E deixando as imagens míopes
em nossa retira convexa.
Customizando a vida
que se torna outra...
energia perdida
no infinito do coração.
P.S Baruch, meu cachorro de quatorze anos, morreu hoje.
Infinitas saudades. Infinito afeto perdido na caminhada longa mas
feliz. Vá em paz, amigo!