Luto silente.

Cale

E no ritual do silêncio

Sepulte nesse corpo toda a dor.

conduza calmamente esse velório que é a vida inteira...

O tempo é cruel nos

condena a senilidade ou a morte...

e quando mais senis ficamos ineptos

diante da morte...

somos monumentos puindo pelos ventos

somos as areias dos desertos que

não possuem lugar certo...

que passeiam no espaço

sem fincar-se jamais.

Cale agora e amanhã

quando o sol nascer novamente

que ele traga em seus raios

o resto de vida que ainda me resta...

que cada raio...

parta em mim esses afetos perdidos

e os lance para o universo.

Debaixo dessa dor devastadora

há o mistério do aprendizado...

há a sobrevivência

transmutando almas e

aleijando corpos...

E deixando as imagens míopes

em nossa retira convexa.

Customizando a vida

que se torna outra...

energia perdida

no infinito do coração.

P.S Baruch, meu cachorro de quatorze anos, morreu hoje.

Infinitas saudades. Infinito afeto perdido na caminhada longa mas

feliz. Vá em paz, amigo!

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 23/02/2014
Reeditado em 23/02/2014
Código do texto: T4702977
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