Meus passos silenciosos
por caminhos misteriosos,
tortuosos de uns mistérios dolorosos
a gozar de mim.
Há a dor que ainda dói,
dói do que não passa nos passos,
do que não acontece nos caminhos.
A dor que há dói ainda,
infinda de um doer assim,
que tem de doer só em mim.
Não sei se a vida basta,
ou se há uma outra sorte,
a morte, talvez, coisa linda
bem-vinda na estrada que não finda,
mas que acaba sim, sempre assim,
quando não se pode ver o fim.
A vida e a morte,
um golpe de sorte, num só golpe;
apesar de torpe, a morte é um norte,
é meu lado fraco mais forte,
meu jeito de me perder de mim.
Na vida tudo vai e nada volta,
tudo desaparece, enfim,
tudo esquece, parece,
daquela luz que nos aquece
(não importa quem merece)
e que em nós perece,
numa escuridão sem fim.
Só a dor permanece
(até para quem não a merece),
como marcas da vida em mim.
Mil sóis, ainda que alguém me desse,
sempre me desce a escuridão de uma prece,
o canto da solidão que vem morar em mim.
E nada há além da dor,
amor, o jardim ou a flor, seja o que for,
algum ardor, um desejado torpor, este horror.
A cor disso é isso não ter cor,
a dor disso é isso ter amor,
o horror disso é isso ser amor,
o jardim ou a flor, que não temos onde por.
O sentimento, talvez só um pensamento,
o pressentimento das coisas morrerem a tempo,
num tempo em que não vai haver mais tempo
de juntar pensamento e sentimento num outro vento.
A ação na imaginação é o que inventa o movimento,
onde bem a tempo depois do vento encontramos inanição,
ou esta pobre canção que nada diz, nada prediz,
nada além dessa dor que eu nunca quis.
Bom para mim que já adivinho o meu fim.
Essa estrada por onde vim...
Mas não fique assim! Nada sabes de mim.
Porque nunca ficaste até o fim...
Mas o que podemos dizer dos amores que hão de ser
e que teimam tanto em não acontecer?
Por vezes choro não os amores que tive (e perdi),
mas sim pelos amores que não tive, que eu nunca vi.
Que podemos fazer por aquilo que não temos?
Se perdemos o que não tínhamos,
se esquecemos o que queríamos,
se não quisemos o que não sabíamos,
se não soubemos nem o que sentíamos?
E nós rimos. E o riso era uma maneira
de conseguir o que não víamos...
por caminhos misteriosos,
tortuosos de uns mistérios dolorosos
a gozar de mim.
Há a dor que ainda dói,
dói do que não passa nos passos,
do que não acontece nos caminhos.
A dor que há dói ainda,
infinda de um doer assim,
que tem de doer só em mim.
Não sei se a vida basta,
ou se há uma outra sorte,
a morte, talvez, coisa linda
bem-vinda na estrada que não finda,
mas que acaba sim, sempre assim,
quando não se pode ver o fim.
A vida e a morte,
um golpe de sorte, num só golpe;
apesar de torpe, a morte é um norte,
é meu lado fraco mais forte,
meu jeito de me perder de mim.
Na vida tudo vai e nada volta,
tudo desaparece, enfim,
tudo esquece, parece,
daquela luz que nos aquece
(não importa quem merece)
e que em nós perece,
numa escuridão sem fim.
Só a dor permanece
(até para quem não a merece),
como marcas da vida em mim.
Mil sóis, ainda que alguém me desse,
sempre me desce a escuridão de uma prece,
o canto da solidão que vem morar em mim.
E nada há além da dor,
amor, o jardim ou a flor, seja o que for,
algum ardor, um desejado torpor, este horror.
A cor disso é isso não ter cor,
a dor disso é isso ter amor,
o horror disso é isso ser amor,
o jardim ou a flor, que não temos onde por.
O sentimento, talvez só um pensamento,
o pressentimento das coisas morrerem a tempo,
num tempo em que não vai haver mais tempo
de juntar pensamento e sentimento num outro vento.
A ação na imaginação é o que inventa o movimento,
onde bem a tempo depois do vento encontramos inanição,
ou esta pobre canção que nada diz, nada prediz,
nada além dessa dor que eu nunca quis.
Bom para mim que já adivinho o meu fim.
Essa estrada por onde vim...
Mas não fique assim! Nada sabes de mim.
Porque nunca ficaste até o fim...
Mas o que podemos dizer dos amores que hão de ser
e que teimam tanto em não acontecer?
Por vezes choro não os amores que tive (e perdi),
mas sim pelos amores que não tive, que eu nunca vi.
Que podemos fazer por aquilo que não temos?
Se perdemos o que não tínhamos,
se esquecemos o que queríamos,
se não quisemos o que não sabíamos,
se não soubemos nem o que sentíamos?
E nós rimos. E o riso era uma maneira
de conseguir o que não víamos...