Espectros de gente forasteira
A luz branca e matutina
Varre o negror da noite sombreada
Trazendo anúncios de badaladas divinas
Do sino da igreja abandonada
São espectros de gente forasteira
Arrastando-se na nave esbranquiçada
De nada lembrando as guerreiras
Nos peitoris rijos debruçados
Não tem sonhos, esperança, fé.
Não produzem, não dançam, o pé,
Morto, inerte a segurar a sombra do corpo.
Apenas a sobreviver quase morto.
Nesta vida sobreviveu com o salário mínimo
Desta vida nada levará... enterro ínfimo
Em si jamais acreditou.
São espectros de gente forasteira.
Sem nada na mente e na ribeira.