A PRÓXIMA PRIMAVERA

Não busco o consolo, onde mora o fim do dia,
refugio um pouco, numa silenciosa pescaria,
mas nunca encontrei, onde vive as ilusões.
Pedir a natureza esse benefício, esse consolo,
seria construir um castelo, mas em cada tijolo,
me sentiria num deserto, das recordações...

Nas longas noites vivo mergulhado na boemia,
esqueço da vida, entre a música e a poesia,
viajando só, num navio sem ter ninguém.
Nesse meu viver, com essa ilusão perdida,
sinto aos poucos, me distanciando da vida,
é para lá que quero em breve ir também...

Essa ilusão, que nenhuma alegria supera,
está  fazendo despedir da próxima primavera,
espero pelo fim dos dias como um mendigo.
Já não consigo ver mais a beleza das flores,
morreram ,foram  todos os meus amores,
restaram umas rosas, que levo em seu jazigo.

Só ficou o rei,a morte, carregou a rainha,
venci a vontade de tirar o punhal da bainha,
mas de paciência, já estou quase falindo.
Não quero ser entre desiludidos um coringa,
se tivesse aqui, tiraria o veneno da seringa,
e para junto dela, estaria feliz subindo... 


 
GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 18/02/2014
Reeditado em 24/02/2014
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