O ABORTO

O ABORTO

Já não diviso mais a vida

Que tanto me embevecia tê-la,

Pois me interromperam a existência

Ainda no ventre da mãe querida.

Quem o fez não sei, nem imagino

Porém, presumo que esse alguém

Só podia me odiar, mas o motivo desconheço.

Somente sei o que me aconteceu,

É que nunca poderei ver o sol nascer

Nem as estrelas fulgirem na noite bela.

Como sei da existência da grande estrela

Chamada de quinta grandeza

E dos múltiplos astros luminosos

Que infestam o imenso firmamento?

Isso não posso explicar, é muito difícil.

Talvez o Deus que me formou

Dentro do útero materno

Tenha me mostrado pelo meu subconsciente

Que já existia em mim como humano,

As grandes maravilhas do mundo.

Feneci antes mesmo de nascer

Sem ao menos ver a face meiga,

Ou mesmo sentir o regaço macio

Daquela que me aceitou no ventre,

A minha doce e amada mãezinha!

Quem, afinal, impediu meu nascimento?

Não posso vislumbrar as maravilhas

Existentes na imensidão do universo!

Eu queria tanto conhecer meu pai

E a virtuosa mulher que me sustentou

Dentro da sua madre por algum tempo!

Quem teve a coragem de cometer esse crime

Infligindo o mandamento “não matarás”?

Quem teve a indignidade de me abortar

Antes mesmo de se completar os nove meses

Tempo certo do programa de gestação?

E como este crime não bastasse

Qual o motivo de lançarem em águas tão frias

O MEU CORPINHO AINDA INCOMPLETO?!

David Mattos
Enviado por David Mattos em 13/02/2014
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