O ABORTO
O ABORTO
Já não diviso mais a vida
Que tanto me embevecia tê-la,
Pois me interromperam a existência
Ainda no ventre da mãe querida.
Quem o fez não sei, nem imagino
Porém, presumo que esse alguém
Só podia me odiar, mas o motivo desconheço.
Somente sei o que me aconteceu,
É que nunca poderei ver o sol nascer
Nem as estrelas fulgirem na noite bela.
Como sei da existência da grande estrela
Chamada de quinta grandeza
E dos múltiplos astros luminosos
Que infestam o imenso firmamento?
Isso não posso explicar, é muito difícil.
Talvez o Deus que me formou
Dentro do útero materno
Tenha me mostrado pelo meu subconsciente
Que já existia em mim como humano,
As grandes maravilhas do mundo.
Feneci antes mesmo de nascer
Sem ao menos ver a face meiga,
Ou mesmo sentir o regaço macio
Daquela que me aceitou no ventre,
A minha doce e amada mãezinha!
Quem, afinal, impediu meu nascimento?
Não posso vislumbrar as maravilhas
Existentes na imensidão do universo!
Eu queria tanto conhecer meu pai
E a virtuosa mulher que me sustentou
Dentro da sua madre por algum tempo!
Quem teve a coragem de cometer esse crime
Infligindo o mandamento “não matarás”?
Quem teve a indignidade de me abortar
Antes mesmo de se completar os nove meses
Tempo certo do programa de gestação?
E como este crime não bastasse
Qual o motivo de lançarem em águas tão frias
O MEU CORPINHO AINDA INCOMPLETO?!