Elegia à melancolia: a morte interior
Elegia à melancolia: a morte interior
A noite arrasta-se, um negro prateado;
Presente da lua em seu plenilúnio.
Fito a noite escura, de dentro do meu casebre.
O piar das corujas um eco morto ao passar pelos meus ouvidos.
Vejo a luz dos pirilampos a bailar ao redor do regato; ouço a brisa lânguida entoar uma melodia sinistra ao afagar o bambu, úmido de sereno.
O fastio me consome, e desfalecido, fito incessantemente o castão verde de minha espada, que sobre uma cômoda empoeirada, cintila sob a luz do luar.
Após horas de devaneio, o morcego da melancolia solta meu pescoço: estou prestes a abandonar a vigília e exultar novamente na terra onírica de minh’alma escura.
Toda noite iludo-me, a crer que o morcego esvaiu-se; mas no âmago, sei que ele espreita logo ali, na soleira da porta, aguardando o dilúculo para sugar-me de novo; para fazer-me prestar mais uma elegia à melancolia.