Choro

Choro

as lágrimas não choradas

as sementes desprezadas

as plantadas que secaram

e as flores que murcharam

choro

para esvaziar o tempo

dar voz à palavra calada

presa na garganta seca

e larga da indiferença

choro

pelos meus versos puros

que brotaram das pedras

topázios em flocos de vidro

jóia falsa no latão

choro

na seiva que se escorre

pelo cascudo do tronco

e se enterra com a raíz

e se perde pelo chão

choro

para escoar o amor

para a ausência dar flor

para dar grito à palavra

enriquecer o poema

choro

para a seiva alimentar

adubar o solo infertil

germinar todos os grãos

brilhar no ouro do anel

choro

pela frieza das pedras

pelos poemas magoados

pelo sentimento trincado

que se recusa morrer...

NEIDE VILLAR
Enviado por NEIDE VILLAR em 12/02/2014
Reeditado em 04/06/2014
Código do texto: T4687805
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