Precipício
Será que vale a pena seguir em frente?
Porque ainda que andemos por entre planícies,
e pastos verdejantes,
sabemos que desde o início
nos aguarda o Grande Vale.
Na travessia
vamos deixando partes de si
migalhas do conto de João e Maria.
A viúva sobre o caixão
velando senão seu próprio íntimo.
Pequenos clones de nós
nos laboratórios estéreis do cotidiano,
surgem.
Talvez sejamos não mais
que meras células-tronco
disseminadoras de si mesmas.
Se Sartre considerou o inferno como sendo
os outros,então se pensarmos as nossas múltiplas frações como alheias,
seremos às vezes causas de tormentos a nós mesmos.
(pausa neste instante para decidir se publico o poema).
Continuo já que posso argumentar diante de alguma oposição,
que algum heterônimo tomou meus dedos ao teclado...
Então é isso, ou talvez...
O futuro nada mais é do que um precipício
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CAI!