Lamento sem fim
Impiedoso reina, Rei majestoso,
Solo quente, queima. Terreno antes tão viçoso.
A mãe terra chora... Um clamor ávido,
Sedento pela chuva, que molhe seu chão árido.
E nessa hora há um só clamor em toda a terra,
que a chuva venha logo e molhe essa gente que espera.
Uma gota de suor escorre pela testa,
enquanto uma lágrima escorre pela face,
tudo o que nos resta,
é orar e cultivar a fonte de onde a água nasce.
Sofrimento sem fim, calor que corta a pele,
tal qual a alma sedenta e faminta,
que da bênção preciosa necessita.
Ressuscita, ressuscita! A terra sequiosa grita.
Ouve o clamor dessa gente,
que de tanta sede já pressente que não tarda em padecer...
Será este o fim da humanidade,
morrer de sede cedo ou tarde?
Já não há um pingo na torneira,
nem no chuveiro, ou mesmo na banheira...
Não chove e nem há quem diz quando irá chover,
sempre foi essa a rotina do sertanejo,
que do seu sertão saiu para não morrer,
mas eis que agora eu também vejo,
a gente da cidade grande do mesmo jeito desfalecer...
Onde é que vamos parar,
e, o que iremos fazer,
se a água também aqui faltar,
para onde toda essa gente haverá de correr?
E em toda a terra seca um só lamento,
um só pedido, uma só oração.
Que nos socorra, oh, Deus bendito,
e por misericórdia estenda Sua Mão,
faça chover nesse Rio bonito,
e, cubra de água também o sertão...