ARRANHA-CÉUS
Ah, como me dói
não ser o herói de minha história
outrora eu era retidão
e agora, só aflição.
Tudo tornou-se prescindível
não nota?
não me convém persistir em pôr de pé
as amarguras desta vida inútil.
Não chores mais por mim
por que me fiz ruínas, estrombos
não vê?
sou fútil, imprestável, em vão.
Ergam as paredes de meu coração
porque me dói, ah como dói
esta desonra de ser um réu.
Desmorone as paredes de minha dor
e construa novos arranha-céus.