MOLDURA

E eu não me explico,
Eu fico,
Estranho, ido...
Com o olhar perdido,
No tom cinzento.

E eu não me revelo,
Me embaralho, atropelo,
Os sentimentos,
Sorrio por fora,
Choro por dentro.

E eu no aqui, no agora,
Me sinto um pirilampo,
Sem noite, sem lume,
Uma rosa sem maciez,
Sem perfume.

E eu sem anistia,
Sem a devida lucidez,
Eu fragmentado,
Dominado por uma angústia,
De Álvaro de campos.

E eu sendo, não sendo,
Contradizendo,
Alongando fonemas,
Eu moendo utopias,
Com uma dor estrema.

E eu controverso,
Eu de mim, inverso,
Emoldurado,
Pelos pobres versos,
De um enxovalhado poema.