Medo e Melancolia
Descubro o rosto marmorizado,
lívido, pela morte do amanhã,
que tal abutre anseia devorá-lo.
Desejo avistar o belo assustador
para além da caverna silenciosa
e negra dos meus pensamentos.
Quero sentir o perfume do fel
e o gosto do sacrifício humano
que me queima a garganta.
Preciso rebater para além dos medos
o malefício transcendente das visões,
mas como espectro não consigo nada.
Não posso entender o crescente vazio,
sem início e fim, sem sujeito ou objeto,
que me encarcera em mim... assim...
Nefertiti Simaika
Rio de Janeiro, 12 de janeiro de 2011 - 23h32