A ESTRADA DO ABISMO

Pela estrada vou caminhando

Rumo ao destino apenas meu,

O vento leve sopra brando

E eu recordo quem me esqueceu.

Esta estrada é longa demais,

Parece que nunca tem fim

E chuva dá os seus sinais

E o tempo está ficar ruim.

Ouço o cair das folhas mortas

E gastas do tempo feroz,

E os pés lá seguem pelas tortas

Ruas do meu caminho atroz...

A tempestade já começa

E o vento sopra mais violento,

E eu sigo antes que anoiteça

E me perca neste em lamento.

A chuva cai de forma turva

Fui pego assim desprevenido

E agora sofro a cada curva

Deste meu caminho esquecido!

Sigo encharcado e tão faminto,

Parece que nem sinto as pernas,

Parece um inferno de instinto

E medo em lágrimas eternas.

Os males sinto nesta estrada

Infinita e sem ter história

Que glorifique a minha entrada

Numa terra infértil sem glória.

Sinto-me perdido no mundo

E abandonado pela sorte,

Num buraco demais profundo

Que só vejo tristeza e morte!

Já não tenho mais esperança,

Está tudo assim contra mim,

E nem sequer vejo a bonança

Nas flores do morto jardim.

Estou no abismo tão escuro,

Que já nem sei para onde vou,

Que já nem sei o que procuro,

Já condenado à morte estou!

Ângelo Augusto

Ângelo Augusto
Enviado por Ângelo Augusto em 29/01/2014
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