A ESTRADA DO ABISMO
Pela estrada vou caminhando
Rumo ao destino apenas meu,
O vento leve sopra brando
E eu recordo quem me esqueceu.
Esta estrada é longa demais,
Parece que nunca tem fim
E chuva dá os seus sinais
E o tempo está ficar ruim.
Ouço o cair das folhas mortas
E gastas do tempo feroz,
E os pés lá seguem pelas tortas
Ruas do meu caminho atroz...
A tempestade já começa
E o vento sopra mais violento,
E eu sigo antes que anoiteça
E me perca neste em lamento.
A chuva cai de forma turva
Fui pego assim desprevenido
E agora sofro a cada curva
Deste meu caminho esquecido!
Sigo encharcado e tão faminto,
Parece que nem sinto as pernas,
Parece um inferno de instinto
E medo em lágrimas eternas.
Os males sinto nesta estrada
Infinita e sem ter história
Que glorifique a minha entrada
Numa terra infértil sem glória.
Sinto-me perdido no mundo
E abandonado pela sorte,
Num buraco demais profundo
Que só vejo tristeza e morte!
Já não tenho mais esperança,
Está tudo assim contra mim,
E nem sequer vejo a bonança
Nas flores do morto jardim.
Estou no abismo tão escuro,
Que já nem sei para onde vou,
Que já nem sei o que procuro,
Já condenado à morte estou!
Ângelo Augusto