Os Sons da Madrugada
Paro.
Paro e ouço os sons nítidos da madrugada.
Bebo meu chá amargo e gelado após ser despertado por um antigo pesadelo.
Paro.
Paro e penso enquanto bebo.
Penso na vida enquanto escuto, enquanto sinto o cheiro da madrugada.
Não existe silêncio, nem agora, nem lá fora, nem em minha mente.
Paro.
Paro e revejo minha vida.
Revejo cada perda, erros e derrotas.
Paro e vejo onde estou, onde não fui, quem me deixou, quem nunca pude realmente ter.
Paro.
Paro e ainda sinto meu coraçao bater.
Sinto o cansaço, o desanimo, a solidão, a ausência de prazer e medo.
E sinto e vejo tudo aquilo que não deveriam existir.
Paro.
Paro para ouvir a madruga.
Paro sem poder parar definitivamente.