noite poética
Naquela noite todas as portas se abriram
E eu intimamente estranhei
Acostumada com portas trancadas
Segredos não revelados
Olhares enigmáticos
sisudez e silêncio.
Naquela noite o tapete vermelho que me
Estenderam
Me parecia longo demais.
A noite também parecia também arrastar-se
E gritava dentro de minha surdez
Uma sensação ruim de incômodo
Naquela noite, o candelabro polido
Parecia feio
Os sapatos polidos e engraxados
Pareciam velhos
A bolsa tinindo e brilhosa
Parecia encardida
Tudo, enfim
Estava coberto de névoa
E mágoa.
A tristeza borda signos
Que incandescem
Queimam até o último suspiro
E das cinzas
Os olhos rotos
Famintos carcomiam as
Cores do jardim
Naquela noite
A lua parecia um pires sujo.
E o bombril
Era talvez a única coisa
Sensível que me ocorria.
Naquela noite
O luxo de ter você
Havia se esvaído.