A DOR DA PERDA

Fazem aproximadamente 4.433 dias...

Que enterrei contigo 10% da minha alegria

A perdi quando te vi

Deitado de bruços, punhos serrados

Corpo sem movimentos, sem batimentos

Ferido, perfurado sem anestesia.

Vi vários culpados pela covardia, inclusive você

Que se foi jovem, parecendo não querer entender

O quanto é bom viver

E que valeria qualquer esforço para não se perder,

Para não se desviar do estreito caminho

Apesar de cheio de desrespeitos, ilusões e espinhos.

Confesso-lhe que a menos tempo, perdi outros 5%

Porém, essa porção não enterrei, está cicatrizada no coração

Se um dia conseguirei? Não sei!

Mas outras tantas alegrias ganhei, ele nasceu, ele nasceu...

Veio para me (nos) redimir, para fazer-me sentir felicidade,

Para me emergir, para fazer-me amar de verdade.

Ainda hoje, me pergunto porquê

Por que você nos deixou e partiu sozinho?

Mesmo que ficamos com amor, fé e esperança...

Às vezes indago-me: Não seria melhor nascermos velhos

E morrermos crianças?

NOTA: Poema feito, quando completou-se dez anos que meu irmão Laercio (Godi) foi assassinado aos 23 anos de idade. Éramos 5, sou o mais velho, e ele era o terceiro. Ainda não superei. No começo do poema a conta em dias não bate, errei a soma tamanha a emoção que estava sentindo enquanto escrevia. Escrever é algo que me "liberta" e sou grato a Deus por esta graça.