Desperte!
Desperte!
Acordou da noite insone, e na garganta um gosto ocre
perambulou pelas ruas da sorte, e atreveu-se a mentir
aprendeu o fascínio dos ratos, e dos gatos, os saltos!
Acordou como deveras deveria...
arranhado pelos raios de sol do dia
gritando rouco!
e neste, tão pouco
não bocejou sequer uma vez!
Acordou como acordam as feras que hibernam
deglutiu o azedume do inverno
e por fim, após uma xícara de café amargo
aumentou o som que tocava guitarras alucinógenas
e partiu ao fim do mundo.
Acordou blasfêmia!
e buscou como um louco
o cheiro da fêmea
que alastrava-se misturado aos tantos feromônios
Beijou a boca de seus demônios
e dentre insanas línguas, saboreou a textura morna da verdade.
E entre lascívia e sanidade
compactuou pela ultima vez
um bom dia sorridente
donde faltou na boca do teu beijo
alguns pontiagudos dentes.
Márcia Poesia de Sá. 2014