Do espelho

Espelho d’água cristalina e doce

bebe a minha face

que, sem qualquer disfarce,

vê a tua.

Espelho onde me vejo a orar silencioso

diz-me quão maravilhoso era

se eu pudesse

transformar-te em Era

e cobrir toda a tua pele?

Mas espelho que admiro,

se sorrindo me vês, não o sei.

Talvez minhas lágrimas embacem tudo

e a tua face, juro, é o que procuro

atrás da face do que vejo.

Olha-me e diz tudo.

Não me deixes descer ao absurdo

de ainda olhando-te não me ver...