Sobre mudanças e anjos podados

Quero viver sem as perfeitices alheias,

Sem que minha vida seja monopolizada por outrens.

Deixe-me ser torto à moda da realidade

Que nos meus desajustes acabo ajustando os tempos!

As coisas devem acontecer naturalmente,

Porque mudanças forçadas não são mais que imposição...

E mesmo que haja boas intenções neste processo,

Sempre ressoa como se eu estivesse me abandonando...

Como se ideologias vencidas rolassem minha goela abaixo...

Como se eu estivesse perdido... Pedindo socorro...

Às vezes é necessário o olhar introspectivo...

Olhando, sempre, para aquilo que somos...

Que nos sobrecarrega...

Só assim são possíveis as reflexões...

Na insatisfação, o problema está em nós... não no outro,

Por isso é necessário que sejam trocados os olhos

Ou as lentes que recobrem nossos pontos de vista!

Talvez haja casmurrice neste meu processo...

E se for por falta de sensibilidade, distancio-me...

Não sei abraçar os outros me desabraçando,

Largando metade do que fui por metade do que não sou...

Nisso sou chato... Insensível... Amargurado...

Não dá pra ser de outro jeito.

No mais, o ideal é viver sem cobranças...

Porque não sou comprometido com o mundo...

O convívio é uma espécie de contrato social...

Sobrevivência!

E se for pra mudar aquilo que penso...

Ou aquilo que vivo... Prefiro o abandono!

Abandonar o que de novo vem me surgindo...

Ou as pessoas que caem do céu... como anjos podados...

Com santidade perdida...