FUI JULGADA!

Não há nada mais frustrante

Do que ser julgada e condenada

Sem qualquer atenuante

E sem ao menos ser escutada...

Meu crime é o excesso

De carinho dado e não correspondido,

Quem me dera fosse o sucesso

Pelos outros não entendido...

Julgaram-me sem dó nem clemência

Ao menos quiseram saber da culpa a pertinência,

Foram logo batendo o martelo

E me excluindo do convívio fraterno...

Já tentei recorrer do veredicto

Mas desculpas não são suficientes

O que foi dito está dito,

E meu júri é totalmente inclemente...

Só me resta agora o ostracismo

E minhas palavras escritas,

Que talvez não tenham mais o mesmo otimismo

Mas pra sempre serão minhas amigas irrestritas...

Bem, já que não tive defesa

Rogo aos membros dessa mesa,

Que da próxima vez tenham mais paciência

Com qualquer outro que tenha alguma pendência...

Aceito a minha sentença

E retiro-me do convívio de pessoas que me foram caras,

Mas ainda assim não há nada que me convença

Que cada um de nós é uma única jóia rara...

Pago o preço pelo meu modo de pensar,

Amizade e amor pra mim é incondicional

Hei de morrer conjugando o verbo amar,

A balança da justiça não pode pra nenhum lado inclinar...