O jogo da morte
Como as pessoas são solidárias.
Mas só no lixo e na morte...
Os lixos vão "piano", calados,
Para os lugares mais escrotos;
Resignadamente misturados.
Ricos e pobres com suas sujeiras.
As pessoas se abraçam
Até com mendigos podres,
Quando estão desesperadas,
Se afogando nas borras,
Nos próprios escarros, cigarros;
Nos rios, nos mares e igarapés
Dessa louca e sufocante vida.
Santa Maria que o diga;
É testemunha viva da morte.
Como as pessoas se abraçavam
Na hora do jogo mortal,
Naquela boate com nome de beijo.
Ironia do cruel destino esse nome...
Quanta humanidade e carinho,
Quanta graça e solidariedade...
Gente que tinha nojo de outras,
Morreram boca a boca.
Tete a tete, frente à frente,
Cara a cara, dente a dente;
Que coisa nobre e mais rara...