O Que Restou de Mim, Quase Nada...

Sou o vento rasteiro que passa,

A insistente chuva fina que cai,

O raio flamejante que risca o céu.

Sou da greve, a turba, a massa,

Sou a mãe negra, sou o negro pai,

A pudica noiva, o seu branco véu.

Sou nuvem apressada, vagando carregada,

Prestes a soltar as águas numa tromba,

Na mais, da mais temerosa tempestade.

Na guerra me vejo em forma de granada,

Com efeitos da mais temida das bombas,

Sou todo inteiro sem admitir ser metade.

Quero ser diante de quem assim me fez,

Um hipócrita, vil, invejado e odiado,

Transbordando amor, um conto de fadas.

O bem, o mau, tudo de uma só vez,

Sei que nada adianta falar, morro calado,

Sou espúrio, velho, não valho quase nada.

Fim

Filêto
Enviado por Filêto em 10/12/2013
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