DEVAGAR
Ele foi devagar.
Foi devagar, encarapitado em seu burro velho,
montado sem sela
sobre o pelo curto,
impregnado de poeira branca,
da terra branca,
onde cresciam árvores tortas e brancas.
Ele foi devagar,
chegando lentamente ao destino
em um passo que não era o seu.
Passo de burro, de jumento,
passo pequeno,
um passo de reza de missa
que não acaba nunca nem se apressa,
um passo de metrônomo,
que nunca perde o compasso.
Na estradinha deserta
Não havia esperança de cruzar com viva alma.
Tinha somente o sol e o pó impregnado nos olhos.
Ele ia devagar,
no passo de quem vai só.