DEVAGAR

Ele foi devagar.

Foi devagar, encarapitado em seu burro velho,

montado sem sela

sobre o pelo curto,

impregnado de poeira branca,

da terra branca,

onde cresciam árvores tortas e brancas.

Ele foi devagar,

chegando lentamente ao destino

em um passo que não era o seu.

Passo de burro, de jumento,

passo pequeno,

um passo de reza de missa

que não acaba nunca nem se apressa,

um passo de metrônomo,

que nunca perde o compasso.

Na estradinha deserta

Não havia esperança de cruzar com viva alma.

Tinha somente o sol e o pó impregnado nos olhos.

Ele ia devagar,

no passo de quem vai só.

Edson de Barros
Enviado por Edson de Barros em 08/12/2013
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